"As vezes me lembro dele. sem rancor, sem
saudade, sem tristeza. sem nenhum sentimento especial a não ser a
certeza de que, afinal, o tempo passou. nunca mais o vi, depois que foi
embora. nunca nos escrevemos. não havia mesmo o que dizer. ou havia? ah,
como não sei responder as minhas próprias perguntas! é possível que, no
fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. é possível também
que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas
e a gente continua a buscar, a investigar — e principalmente a fingir.
fingir que encontra. acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a
reconhecê-lo."
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